terça-feira, 22 de setembro de 2009

Soneto de Criação

Deus te fez numa forma pequenina
De uma argila bem doce e bem morena
Deu-te uns olhos minusculos de china
Que parecem ter sempre um olhar de pena.

Banhou-te o corpo numa fonte fina
Entre os rubores de uma aurora amena
E por criar-te assim, leve e pequena
Soprou-te uma alma cálida e divina.

Tão formosa te fez, tão soberana
Que dar-te aos anjos por irmã queria
Mas ao plasmar-te a carne predileta

Deu, comovido, te criara humana
E para tua justa moradia
Atirou-te nos braços do poeta.

(Vinicius de Moraes)

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