sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Quero

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.

Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor,
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amaste antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa colação de objetos de não-amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Era o desejo que havia me transformado em detetive, em caçador implacável em busca de pistas que teriam sido ignoradas se eu tivesse menos aflito. Foi o desejo que me tornou um paranóico romântico, lendo significados em tudo. O desejo havia me transformado num decodificador de símbolos, um interprete da paisagem (e, portanto, uma vitima preferencial da falácia patética). Mesmo assim, fosse qual fosse minha impaciência, essas questões tampouco estavam livres do poder inflamado de todas as coisas enigmáticas. A ambigüidade prometia salvação ou danação, mas exigia uma vida inteira para se revelar. E, quanto mais eu esperava, mais a pessoa pela qual eu esperava se tornava exaltada, miraculosa, perfeita, digna de ser esperada. O próprio abraço ajudou a aumentar desejo, uma excitação que o prazer de um instante jamais poderia ter fornecido. Se Chloe simplesmente tivesse mostrado suas cartas, o jogo teria perdido o seu charme. Por mais que eu me ressentisse disso, eu reconheceria que as coisas precisavam permanecer sem serem ditas. Os mais atraentes não são aqueles que nos permitem que os beijemos de imediato (logo nos sentimos desinteressados) ou aqueles que nunca permitem que os beijemos (logo os esquecemos), mas aqueles que, matreiros, nos levam entre os dois extremos.
(Alain de Button - provavelmente)

domingo, 4 de outubro de 2009

Rio 2016



Fernando Meirelles, assim não vale!

Até eu que sou veementemente contra (ou que era, já que agora Inês é morta), fui tomada por aquele patriotismo idiota, aquela vontade de se vestir de verde e amarelo, me juntar à multidão em Copacabana e encher o peito pra falar: O RIO DE JANEIRO É A CIDADE MAIS LINDA DO MUNDO. IÉ!

E acreditar, por um minuto, que a beleza pode tudo, e que nessa cidade maravilhosa, nada, nadinha pode dar errado.

Que venham as Olimpíadas, e seja o que Deus quiser.

sábado, 3 de outubro de 2009

Verbo no Infinito

Ser criado, gerar-se transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
um dia à luz e ver, e ao mundo ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

(Vinicius)

Bertrand Russel

"Três paixões simples mais irresistivelmente fortes governam a minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade"
Ferido de morte pela flecha do cupido
vou sem direção
em direção a você
Com o instinto do amor
como uma bússula
te busco desesperadamente
Tua imagem tatuada em minhas retinas
a sensação de tua pele
a flor da pele
teu cabelo como bandeira
o sabor de tuas lagrimas na minha boca
justificam minha existência
Nada poderá me deter
exceto tua presença
e quando chegar esse momento
ajoelharei-me diante de ti
e com a mesma faca que derrotei meu inimgo
abrirei meu peito
para te entregar meu coração.

(Célia Helena (acho))

quinta-feira, 1 de outubro de 2009